Estudo do Plano

    Conhecendo-se A(xo, yo, zo ) um ponto fixo pertencente a um plano (π), n =( a, b, c ) um vetor normal (ortogonal) a este plano e P(x, y, z) um ponto variável deste mesmo plano (π), então, se n é ortogonal ao plano (π) , é ortogonal a todo e qualquer vetor pertencente ao plano(π).

    Tomando o vetor AP = P - A = ( x, y, z ) - ( xo, yo, zo ) = ( x - xo, y - yo, z - zo ) sobre o plano (π), então n = a.i + b.j + c.k é ortogonal ao vetor AP = ( x - xo, y - yo, z - zo ) e, portanto, n . AP = 0, ou seja,

    ( a, b, c ).( x - xo, y - yo, z - zo ) = 0a( x - xo ) + b( y - yo ) + c( z - zo ) = 0ax + by + cz - ( axo + byo + czo ) = 0.

    Fazendo - ( axo + byo + czo ) = d (constante), obtemos ax + by + cz + d = 0, denominada de equação geral do plano (π), o qual será indicado por (π): ax + by + cz + d = 0

figura de exemplo

    Se um plano (π) é paralelo a outro plano (π1), então o vetor n = ( a, b, c ), ortogonal a (π), é também ortogonal a (π1 ).


Equação Vetorial e Equações Paramétricas do Plano:

    Sejam A( xo, yo, zo ) um ponto fixo pertencente ao plano (π), u =( a1, b1, c1 ) e v = ( a2, b2, c2 ) dois vetores paralelos(ou contidos) ao plano (π) , porem não paralelos entre si

figura de exemplo

    Sendo P( x, y, z ) um ponto genérico do plano (π), então AP pode ser escrito como uma combinação linear dos vetores u e v , isto é, AP = t.u + h.v , ou ainda, P - A = t.u + h.v . Esta é a equação vetorial do plano (π), a qual, em coordenadas, assume a forma:

    ( x, y, z ) - ( xo, yo, zo ) = t.( a1, b1, c1 ) + h.( a2, b2, c2 )

    ( x, y, z ) = ( xo, yo, zo ) + t.( a1, b1, c1 ) + h.( a2, b2, c2 ), onde t, h ∈ R são os parâmetros. Daí, pela condição de igualdade, temos:

figura de exemplo

    Estas são as equações paramétricas do plano (π), onde t ,h ∈ R são os parâmetros.

     Exemplo: Obtenha a equação geral e as equações paramétricas do plano que contem os pontos A( 1, -2, 3 ), B( -2, 1, -1 ) e C( 2, 0, -2 )

     Solução:       n = AB x AC

figura de exemplo

    Seja (π) o plano procurado, contendo os pontos A, B e C. Considere os vetores:

u = AB = B - A = ( -2, 1, -1 ) - ( 1, -2, 3 ) = ( -3, 3, -4 ),

v = Ac = C - A = ( 2, 0, -2 ) - ( 1, -2, 3 ) = ( 1, 2, -5 ),

    Sendo P( x, y, z ) um ponto genérico do plano (π), temos que AP = P - A = ( x - 1, y + 2, z - 3 )

    O vetor n , ortogonal a (π), é obtido fazendo n = u x v , isto é, n = AB x AC . Como n é ortogonal a (π), então, é também ortogonal a AP e, daí, n . AP = 0, ou ( AB x AC ). AP = 0, ou ainda, AP .( AB x AC ) = 0. Mas, isto é o produto misto entre os vetores AP , AB e AC , que também pode ser indicado por ( AP , AB , AC ) = 0

figura de exemplo

( x - 1 ).( -15 + 8 ) + ( y + 2 ).( -4 -15 ) + ( z - 3 ).( -6 -3 ) = 0 ⟹

( x - 1 ).( -7 ) + ( y + 2 ).( -19 ) + ( z - 3 ).( -9 ) = 0 ⟹

-7x - 19y - 9z + 7 - 38 + 27 = 0 ∴ 7x + 19y + 9z + 4 = 0

-7x - 19y - 9z + 7 - 38 + 27 = 0 ∴ 7x + 19y + 9z + 4 = 0

    Esta é a equação geral do plano (π)

P - A = t.AB + h.AC ∴ P = A + t.AB + h.AC

( x, y, z ) = ( 1, -2, 3 ) + t.( -3, 3, -4 ) + h.( 1, 2, -5 )

figura de exemplo

Estas são as equações paramétricas do plano (π)


Casos Particulares da Equação Geral do Plano:

    Vimos que (π): ax + by + cz + d = 0 é a equação geral do plano.

        1) Se d = 0, então (π): ax + by + cz = 0 representa um plano passando pela origem O(0, 0, 0)

        2) Se a = 0, então (π): by + cz + d = 0 e n = ( 0, b, c )

    Neste caso, n = ( 0, b, c ) é um vetor contido no plano y0z e, portanto, (π) é um plano paralelo ao eixo dos x (eixo das abscissas)

        3) Se b = 0, então (π): ax + cz + d = 0 e n = ( a, 0, c ) é um vetor contido no plano x0z e, portanto, (π) é um plano paralelo ao eixo das ordenadas (eixo dos y)

        4) Se c = 0, então (π): ax + by + d = 0 e n = ( a, b, 0 ) é um vetor contido no plano x0y e, portanto, (π) é um plano paralelo ao eixo das cotas (eixo dos z)

    Desta forma, quando uma das componentes do vetor n for nula, o plano (π) é paralelo ao eixo da variável ausente na equação do plano.

    Quando duas variáveis estão ausentes na equação do plano (π), significa que esse plano é paralelo ao plano coordenado formado pelas variáveis ausentes na equação considerada.

    Exemplo 1: (π): 3x - 2z + 4 = 0 representa um plano paralelo ao eixo dos y (eixo das ordenadas), pois y é a variável ausente na equação do plano) e n = ( 3, 0, -2 ).

    Exemplo 2: Considere o plano (π)·: 3y + 4 = 0. Neste caso, n = ( 0, 3, 0 ) e as variáveis ausentes na equação considerada são x e z. Logo, (π) é paralelo ao plano coordenado x0z e n = ( 0, 3, 0 ) está contido no eixo dos y (eixo das ordenadas).


Ângulo de Dois Planos:

    Considere os planos (π1) e (π2) com os seus vetores normais n 1 = ( a1, b1, c1 ) e n 2 = ( a2, b2, c2 ), respectivamente. O ângulo formado pelos planos (π1) e (π2) é o menor ângulo (ângulo agudo) definido pelos vetores normais n 1 e n 2

    Assim, se θ é o ângulo formado pelos vetores n 1 e n 2, então cosθ = n 1 . n 2 / | n 1|.| n 2|,

    com 0 ≤ θ ≤ π/2 e θ é também o ângulo definido pelos planos (π1) e (π2)

figura de exemplo

Planos Perpendiculares:

    Quando (π1) e (π2) são dois planos perpendiculares entre si, então n 1 e n 2, os vetores ortogonais a esses planos, respectivamente, também são ortogonais entre si. Assim, (π1) ⊥ (π 2) ⟺ n 1 n 2 n 1. n 2 = 0

figura de exemplo

Paralelismo e Perpendicularismo Entre Reta e Plano:

    Seja uma reta (r), cujo vetor diretor é v , e um plano (π), cujo vetor normal é n

    1) Se (r) // (π), então v n e v . n = 0

    2) Se (r) ⊥ (π), então v // n e v = α.n , com α ϵ R

figura de exemplo

Reta Contida Em Um Plano:

    Quando uma reta (r) está contida em um plano (π), então, qualquer ponto da reta (r) é também ponto do plano (π). Se A,B ∈ (r), então, A,B ∈ (π) e o vetor v , vetor diretor da reta (r), é ortogonal ao vetor n , que é normal ao plano (π), ou seja, v . n = 0

figura de exemplo

Exemplo: Considere a reta

figura de exemplo

e o plano (π): x + by + cz - 3 = 0

     Os pontos A(2,1,-2) e B(1,2,1) pertencem à reta (r). Como (r) ⊂(π), então, A e B são também pontos de (π). Daí, o sistema:

figura de exemplo

Portanto, o plano (π) é paralelo ao eixo das cotas (eixo dos z) e é dado por:

(π): x + y - 3 = 0

Onde n = ( 1, 1, 0 ) e v = ( -1, 1, 3 ) e v . n = ( -1, 1, 3 ).( 1, 1, 0 ) = 0


Interseção de Dois Planos:

    Sejam os planos (π1): x - 2y + 3z - 4 = 0 e (π2): 2x + 3y - z + 1 = 0, não paralelos, pois n 1 = ( 1, -2, 3 ) e n 2 = ( 2, 3, -1 ). A interseção dos planos (π1) e (π2), indicada por (π1) (π2), é uma reta cujas equações (paramétricas, simétricas ou reduzidas) são dadas pelo sistema:

figura de exemplo

Resolvendo o sistema usando o método da Adição, teremos:

figura de exemplo

Daí, 2x + 3.( (-7x + 1)/7 ) - z + 1 = 02x + ( -21x + 3 ) / 7 - z + 1 = 0z = ( 14x - 21x + 3 + 7 ) / 7z = ( -7x + 10 ) / 7

figura de exemplo

O vetor diretor v da reta (r), neste caso, é simultaneamente ortogonal aos vetores n 1 e n 2 Daí, pode-se concluir que v = n 1 x n 2, ou seja:

figura de exemplo

Calculando o determinante, obtemos: v = n 1 x n 2 = -7i + 7i + 7k = ( -7, 7, 7 )

Observação: é correto considerar v = ( -1, 1, 1 )

figura de exemplo

Assim, A( 0, 1/7, 10/7 ) (r), isto é, A é um ponto da reta (r). As equações paramétricas de

figura de exemplo

Interseção de Reta com Plano:

    Sejam (r) uma reta e (π) um determinado plano. Se (r) não é paralela ao plano (π), então a interseção entre ambos é um ponto I, ou seja, (r) (π) = I

    Exemplo: Considere a reta (r) dada pelas suas equações paramétricas, isto é:

figura de exemplo

e o plano (π): 3x - y + 2z - 4 = 0

    O ponto I( x, y, z ), de interseção entre a reta (r) e o plano (π), é determinado fazendo: ( x, y, z ) = ( -1 + t, 2 - 3t, 3 - t ) e substituindo na equação geral do plano (π), isto é:

3(-1 + t) - ( 2 - 3t ) + 2( 3 - t ) - 4 = 0 ⟹ -3 + 3t - 2 + 3t + 6 - 2t - 4 = 0 ∴ 4t = 3 ∴ t = 3/4

figura de exemplo