Estudo da Reta

    Uma reta (r) fica bem definida quando se conhecem um de seus pontos A(xo,yo,zo) e um vetor não nulo v = a. i + b. j + c. k , paralelo à reta (r) e chamado de vetor diretor da reta considerada.

    Assim, sejam A(xo,yo,zo) um ponto fixo pertencente à reta (r), v = ( a, b, c ) o seu vetor diretor, ou seja, v paralelo à reta (r), conforme a figura, e considere sobre (r) um ponto genérico P( x, y ,z ).

figura de exemplo

    Nestas condições, pode-se afirmar corretamente que o vetor AP , sobre (r), é paralelo ao vetor v e, portanto, valendo a relação AP = t. v , com t ∈ R, isto é, AP é múltiplo do vetor v , onde t ∈ R é denominado de parâmetro.

     AP = t. v é chamada de equação vetorial da reta (r)

     Como AP = P - A = ( x, y, z ) - ( xo, yo, zo ), então AP = (x - xo, y - yo, z - zo )

     Desta maneira, se AP = t. v , então, tem-se que ( x - xo, y - yo, z - zo ) = t.( a, b, c ).

    Daí,

figura de exemplo

    Estas equações I são chamadas de equações paramétricas da reta (r).

    De I, conclui-se que (r): { x - xo/a = y - yo/b = z - zo/c     II, denominadas de equações simétricas da reta (r).


Reta Definida Por Dois Pontos:
figura de exemplo

Uma reta definida pelos pontos A( xo, yo, zo ) e B( x1, y1, z1 ) significa a reta que contem estes pontos e tem como vetor diretor o vetor v = AB = B - A = ( x - xo, y - yo, z - zo ).

Exemplo:

    Obtenha as equações simétricas da reta definida pelos pontos A(1, -2, -1) e B(-3, 1, 2).

Solução:

v = AB = B - A = ( -3, 1, 2 ) - ( 1, -2, -1 ) = ( -4, 3, 3 )

figura de exemplo

v = ( -4, 3, 3 )     e      AP = ( x - 1, y + 2, z + 1 )

figura de exemplo

Equações Paramétricas de um Segmento de Reta:

    Considere a rede (r) definida pelos pontos A( xo, yo, zo )   e   B( x1, y1, z1 )

figura de exemplo

    As equações paramétricas do segmento AB são as mesmas equações paramétricas da reta (r), porém, com 0 ≤ t ≤ x1 - xo/a, ou 0 ≤ t ≤ y1 - yo/b, ou 0 ≤ t ≤ z1 - zo/c

    Assim,

figura de exemplo

Equações Reduzidas da Reta:

    Sendo a reta (r) definida pelo ponto A(xo, yo, zo) e pelo seu vetor diretor v = ( a, b, c ), vimos que suas equações simétricas são (r): { (x - xo)/a = (y - yo)/b = (z - zo)/c

figura de exemplo

    Escrevendo t como função de uma das variáveis x, y ou z, como por exemplo:

    t = (z - zo)/c, pode-se expressar as outras duas variáveis (x e y) como dependente (função) de z.

figura de exemplo

    Estas últimas são as equações reduzidas na variável z da reta (r).

Exemplo: Obtenha as equações reduzidas na variável x da reta que passa pelos pontos A( 1, 0, -2 ) e B( -2, 1, 1 ).

Solução: v = AB = B - A = ( -3, 1, 3 )

figura de exemplo

AP = P - A = ( x - 1, y - 0, z + 2 ) e AP = t.v

figura de exemplo

Retas Paralelas aos Planos Coordenados:

    Quando uma reta (r) é paralela a um dos planos coordenados xOy, xOz ou yOz (ou simplesmente xy, xz ou yz), o seu vetor diretor v = ( a, b, c ) é paralelo ao correspondente plano, ou seja, v pode ser considerado um vetor contido no plano coordenado e, desta forma, a sua componente correspondente à variável que não faz parte do plano coordenado é nula.

    Se a reta (r) é paralela ao plano xOz, então v é paralelo a xOz e a sua componente b (2ª componente) é nula, isto é, b = 0 e o vetor v tem a forma v = ( a, 0, c ).

figura de exemplo

    Esta reta (r) é paralela ao plano coordenado xOz e v = ( 3, 0, -2 ) pode ser considerado um de seus vetores diretores e está contido no plano xOz.


Retas Paralelas aos Eixos Coordenados:

    Sendo a reta (r) paralela a um dos eixos coordenados, eixo das abscissas (eixo dos x), eixo das ordenadas (eixo dos y) ou eixo das cotas (eixo dos z), então o seu vetor diretor também é paralelo ao correspondente eixo e, desta forma, pode ser considerado um vetor contido no próprio eixo. Daí, conclui-se que o vetor v = ( a, b, c ) tem duas das suas componentes nulas que são exatamente aquelas relativas às variáveis que não fazem parte do eixo considerado.

    Se a reta (r) é paralela ao eixo das ordenadas (eixo dos y), então v assume a forma v = ( 0, b, 0 ) ou v = b.j

    Nota: quando a reta (r) é paralela a um dos eixos coordenados, o vetor v mais adequado é o próprio vetor unitário do correspondente eixo.

    Assim, se (r) é paralela ao eixo das abscissas (eixo dos x), então, v = i = ( 1, 0, 0 )

    (r) // eixo das ordenadas ⟹ v = j = ( 0, 1, 0 )

    (r) // eixo das costas ⟹ v = k = ( 0, 0, 1 )

figura de exemplo

    Neste caso, v = ( 0, 0, 5 ) e (r), portanto, é paralela ao eixo dos z.


Ângulo de Duas Retas:

    Considere as retas (r1) e (r2), cujos vetores diretores são v 1 = ( x1, y1, z1 ) e v 2 = ( x2, y2, z2 ).

    O menor ângulo formado pelas retas (r1) e (r2) é o mesmo ângulo existente entre os vetores v 1 e v 2, ou seja,

    chamando de θ o ângulo formado por (r1) e (r2), então, cosθ = ( v 1 . v 2)/(| v 1|.| v 2|)

figura de exemplo

    Exemplo: Calcule o ângulo formado pelas retas (r1): { (x - 1)/2 = y + 2 = (z + 3)/(-2) e

figura de exemplo

    Solução: Neste exemplo, v 1 = ( 2, 1, -2 ) e, para identificar v 2, escrevemos a reta ( r2 ) através de suas equações simétricas, ou seja, ( r2 ): { x/1 = (y - 1)/(-2) = (z - 4)/3

    Daí, v 2 = ( 1, -2, 3 )

figura de exemplo

    Logo, θ = arccos(-√14/7) (ângulo obtuso).

    O menor ângulo (ângulo agudo) entre as retas ( r1 ) e ( r2 ) é θ = arccos(√14/7) (ângulo agudo).


Retas ortogonais:

    Duas retas ( r1 ) e ( r2 ), com vetores diretores v 1 e v 2, respectivamente, são ditas ortogonais se, e somente se, v 1 . v 2 = 0

    Duas retas ortogonais ( r1 ) e ( r2 ) podem ser concorrentes ou não. Se forem concorrentes, então, são chamadas de retas perpendiculares.

    Na figura, ( r1 ) e ( r2 ) são ortogonais à reta (t), mas somente ( r1 ) é perpendicular a (t), pois são concorrentes.

figura de exemplo

Reta ortogonal a Duas Outras Retas:

    Uma reta (t), com direção v , é ortogonal a duas outras retas não paralelas (r1) e (r2), com direções v 1 e v 2, respectivamente, se o vetor v é tal que:

figura de exemplo

Interseção de Duas Retas:

    Considere as retas (r1) e (r2), cujas direções são dadas pelos vetores v 1 e v 2, respectivamente. Se existir um único ponto I(xo,yo,zo) comum às duas retas, então, diz-se que elas são concorrentes.

    Observações:

    No caso de existir mais de um ponto comum (infinitos pontos comuns) às duas restas (r1) e (r2), então, diz-se que elas são coincidentes e, neste caso, v 1 // v 2 ( v 1 e v 2 são paralelos).

    Por outro lado, se não existir ponto comum entre as duas retas (r1) e (r2), então, elas são paralelas, se os seus vetores diretores v 1 e v 2 são paralelos ( v 1 // v 2), ou retas reversas, se os seus vetores v 1 e v 2 não são paralelos.

    Exemplo: Verifique se as retas (r1) e (r2) são concorrentes e, no caso afirmativo, determine o ponto de interseção entre elas, sendo:

figura de exemplo

    Solução: A reta (r1), dada pelas suas equações simétricas, é (r1r): { x/1 = (y + 3)/2 = (z - 2)/(-1). Nesta equação, v 1 = ( 1, 2, -1 ).

    Já a reta (r2 ), através de suas equações simétricas, dada por (r2): { (x - 2)/(-2) = (y - 3/2)/1 = (z + 1)/(-2),      v 2 = ( -2, 1, -2 ).

    Verifica-se que, v 1 e v 2 não são paralelos, pois 1/(-2) ≠ 2/1 ≠ (-1)/(-2)

    Pode-se concluir que, (r1) e (r2) não são retas paralelas e nem coincidentes.

figura de exemplo

    |1| em |2| ⟹ -3 + 2(2 - 2h) = 3/2 + h-3 + 4 - 4h = 3/2 + h1 - 3/2 = 5h5h = -1/2h = -1/10

    |1| em |3| ⟹ 2 - (2 - 2h) = -1 - 2h2 - 2 + 2h = -1 - 2h4h = -1h = -1/4

    Ao fazer a interseção, encontramos dois valores para h

    h = -1/10 e h = -1/4, isto significa que não existe ponto de interseção entre as retas (r1) e (r2), logo (r1) e (r2) são ditas retas reversas.